17/01/2009

aonde os meus pés estiverem...

Aonde os meus pés estiverem,

Aí estará a minha raíz, para me erguer e me lançar

Nas asas do vento, da chuva, do sol...

E quando os meus galhos abanam e estremecem,

É o meu tronco a sacudir os ramos

Os frutos e os talos,

Que só a lucidez já me quis...



E quando a minha voz faz questão de dar o meu silêncio

E o meu coração revelar o meu segredo, é que

A Lua virá para alternar as minhas marés,

E as estrelas guiarão os meus pés...



E quando o que em mim é Sagrado, se torna Profano,

É que, anunciada a Vida, tenho um querer mais cigano,

É que a luz destas noites me quer com mais clareza...

E nas veias do Mundo eu sou sangue que alimenta,

Sou coragem.



Que as estradas da Vida são uma eterna coragem...

E nelas se revela a nossa Natureza.


Saudades...?

27.12.2008

E parecia aquele Douro,
aquele rio doirado...
Parecia até que tu vinhas
comigo, a meu lado...


Ou seria das flores
e dos caminhos perfumados...
Das plantas, dos frutos
Das ervas, dos campos...

E vimos campesinos,
vales ali estendidos...
Como senti os teus braços...
Que me abraçavam cingidos...

Ou seria das flores...
Das rosas, das mimosas,
Do cheiro daquela chuva,
Dos caminhos... enfim...

Porque haveria de ter
Eu, saudades tuas,
...ao longo de um claro rio
de água doce?...

E parecia Verão...
No meio, o arvoredo...
Pareceu-me ouvir-te dizer-me,
Qualquer desejo em segredo...


Ou seria dos dias,
em que nos olhamos a medo...
Sem fim...

Das noites,
Mais intensas...
Assombradas,
Assim.

E porque haverias de ter,
Tu, saudades minhas?...

...Ao longo de um claro rio
de água doce...

Aves Raras...

São paralelos... não dizem nada,
Assassínos de sonhos, amam encruzilhadas,
Enlaçam os verbos como quem finge ler,
Encantam mentiras, elegem as fadas...

Constroem equipas como se de família...
Invocam os deuses e vendem história,
São meninos pobres, são seres mal-criados
São orfãos de Deuses... filhos de Diabos!

Não têm o tecto, não pisam o chão,
Não respiram ar... são só coração,
Iludem exércitos de humanos imperfeitos,
Não são o herói, são sempre o Vilão...

Sorriem abertos, como calculadoras,
Calculam o passo e a opinião...
Não trazem virtude, são um grande defeito,
No fundo são tudo o que não tem perdão!

Enganam. Roubam. Criticam e Julgam...
Em nome dos "Senhores" que fazem justiça,
De piercings em riste apontam e lutam,
Convencem na noite àquela canção,

"- Meninos perdidos ou aves magoadas!
Não há "NeverLand", nem vem o "Papão"!
Invoquem os nomes que vos convier...
Mas enterrem convosco o ego no caixão!!"

rutemar